Transregressão



E de repente seu coração explode,não importa a hora nem o lugar,
ele simplesmente entra em uma circulação anormal de sangue,
o que deveria ir para o lóbulo frontal ou para cortéx saí por uma veia errada e você tem um surto.
Não qualquer surto,veja bem.
O derradeiro surto,aquele que fará você aproximar-se de Deus,se você acreditar nele, ou de qualquer revelação absurda de uma seita tendo ela preceitos ou sendo baseada na idéia de faça sexo com os iniciantes,induza-os ao crime e ao abuso de poder.
Então você está lá.
Diante de Deus e ele  poderia acusar-lhe de ter sido um mal menino,ter deixado a sopa esfriar,de ter puxado as saias da sua tia no meio da Igreja e sobre tudo de ter sido negligente com o amor.
Mas não,ele apenas sorri abertamente,ou ao menos,você supõe que aquilo seja um sorriso,Deus tem lábios então? Você continua pensando as costumeiras obcenidades.
Afinal,morrer não é tão diferente,pelo menos na forma de ver Deus.
Ou a sua própria forma de vê-lo.
É estranho que Deus,infinitamente bondoso e justo,não tenha te acusado de nada ainda,se existe justiça no mundo,você deveria pagar todas as suas boçalidades,não deveria?
No entanto,como aquelas imagens que estão onde não estão,não estando na verdade em lugar algum e deixando aos outros o encargo inglório de imaginar onde elas possam estar,Deus sorri.
Não um sorriso soberbo ou conhecedor,um sorriso simples. Um sorriso infantil até.
Sua paciência some e você ponhe-se a berrar contra as fuças de Deus.
Ele acompanha  seus movimentos exaltados sem esboçar qualquer sinal de reação.
"Patife" Você pensa.
Depois de sua garganta arder, fato realmente curioso, ele cuidadosamente levanta seu rosto e fala despreocupadamente,como quem faz isso sempre.
"O pecado é uma coisa a toa que vocês inventaram pra se divertir e pra dividirem-se em amontoados humanos,meu caro. Não há nada a que você deva temer. Na verdade, você deve temer a chuva que vai desabar quando estiver voltando pra casa..."
"Como assim,eu vou voltar? ... E a chuva? Você é Deus,não é? Não pode fazer com que ela não caía,simplesmente?"
"Primeiro,devo dizer,que vocês humanóides,me dão trabalho de mais,talvez eu pegue umas férias algo assim, e o senhor,em especial,rendeu-me belas dores de cabeça,mas você vai voltar e já sabe toda a história de como-se-fazer-para-concertar-tudo,por isso não vou dar conselhos a você,não mesmo. E meu caro, eu não posso controlar a Natureza,ela é uma mulher indomável,ninguém pode contrariá-la,porque achou que eu poderia?
"Certo".
Foi a única coisa que você disse antes de sentir o gosto do sangue escorrer pelos seus lábios.
Então abrindo os olhos vagarosamente,você avistou aquele-tal-rosto-familiar e fechou novamente os olhos sentindo que com tudo apagado o toque era muito melhor.
"Hmmm..."
"Estava preocupada" soava realmente aflito. " Digo,nós todos estavamos,você sabe...não só eu,quero dizer,mas eu também estava,enfim..."
Você podia imaginá-la toda irriquieta passando nervosamente as mãos pelos cabelos negros.
"Eu nunca mais quero ser um Deus." Você diz,ainda de olhos fechados.
"Por que?" Você imagina seu sorriso especulativo.
"Ele é muito limitado e também tem dúvidas".
"Eu amo você!"
Desta maneira,você sabe que valeu a pena,no final de tudo,não ter aprendido nenhuma lição e ter sido um péssimo garoto.

1 comentários:

blur 25 de janeiro de 2010 às 04:18  

nunca entendi a questão de ser um bom garoto. Devo ser bom, ou só fazer coisas boas engana o sistema?

Postar um comentário

ahn?

Seguidores