Tributo aos Dentes de um Cão


Somos ferozes,
porque somos feridos...
E somos feridos porque nossa sensibilidade natural é maior do que nossa frieza aparente.
O cansaço nos obriga a mudar de lado.
E o extremo nos sorri misterioso.
É possível? Cansar do ritmo da vida e não cansar do vento?
Cansar do vento e não cansar de como ele tremula as folhas do Carvalho?
Cansar de tudo e ainda sim buscar um bálsamo ou tesouro perdido?
A inconstância a encarar a frio o medo e a fuga torna-se inútil porém inevitável.
Não ter métrica,carecer de regras e conceitos!
Fingir em ser e ver o vento.
Estar,contém na base a efemeridade da vida de uma borboleta.
A loucura nítida e controlada com que um beija flor se alimenta.
Limita-se a vida a hipótese.
E tudo é só cansaço!Oh Deus! Quanta pena!
A exaustão fatídica! O cansaço do que se ama.
Nem Deus,nem Deus,nem Deus!
Nem ele está imune ao esquecimento.
A inutilidade da fala.
É só ar trabalhado,ar vibrante que emite som! Códigos!
Ao diabo os códigos!Para o inferno as divagações caladas!!
Somos escravos abjetos e sujos e continuamos... continuamos...
Pra quê? Para onde? Por que?
Para servir de chacota para os superiores?
Para ser apenas uma engrenagem da máquina psicodinâmica da vida?
Para criar versos pobres tentando...aliviar-se?

Durar,ser,durar....
Basta!Oh alma insolúbre,espiríto inquieto acomodado no corpo errado!
Ah mente paupérrima,infeliz! Não sofras! Silencie o ar vibrante se assim puder.
Talvez calando não dures;
Vivas! Ou finalmente o silêncio rebentará seu coração.

Aos Reflexos da Alma com Carinho ou com Pesar

Hoje,quero falar de amigos.
Tanto os que tenho,como os que idealizo.
Primeiramente,careço de experiência prática o suficiente,para tecer aqui um 'tratado universal da amizade'.
Porém,desejo traçar apenas algumas idéias e valores sobre este sentimento por vezes até mais proeminente e relevante que o amor romântico (EROS).
Em grego,amizade é
PHILO.
Sim! É exatamente daí,que originou-se a palavra
PHILOSOFIA (vide: SOFIA = SABEDORIA),ou seja o amigo da sabedoria,do saber...
Estou desviando do foco.
Bem, saber ou não a origem semântica da palavra,não me torna profunda conhecedora da
AMIZADE em si.
Eu sempre suspeitei da idéia romântica de que as pessoas são insubestituíveis.
Não! As pessoas são substituiveís sim!
OK! Me chamem de vazia,fútil,fria,calculista etc etc etc...

Aceito a represália! Mas não posso ser cega ao óbvio.Todos somos substituíveis! Inclusive você!
Nós só somos especiais para nós mesmos;
Nosso mundo engenhoso e fantástico só existe para nossas próprias convenções.
Por isso,todos nós,sem qualquer distinção estúpida,tentamos nos auto -afirmar enquanto indivíduos.
Fazemos tudo o que fazemos,no fundo, pra vencer a solidão.
Nascemos sós (exceto os gêmeos) e assim terminamos nossos dias,ninguém se esquivará a isso.
Pra vencer a solidão e de certa forma a morte,nós buscamos nossos espelhos ambulantes.Quem?

Os amigos! ( esqueceu que eu disse que falaria deles ao inicio?)

Amigos são porções mais ou menos exatas do que nós somos ou sonhamos ser.
Nossos maiores amigos,são espelhos 'evoluídos' de nós ou a um passo do que somos.
Não que sejamos cópias idênticas uns dos outros;
Mas essas pessoas que passam por nós,são pessoas que o coração reconhece.

Na escola,desde o jardim da infância,cultivo uma certa inclinação natural a impopularidade.
Não sou adepta das massas,das tendências e coisas do gênero...
Eu era aquela que nas brincadeiras,era excluída.
Nunca fui uma Power Ranger,sempre me empurravam pro papel do monstro alien.
Confesso,isso me deixou traumatizada.
Também,fui aquela que nunca foi a noiva na quadrilha ou a protagonista das peças da escola.
Na verdade,eu nem integrava o elenco,no máximo, eu fazia o cenário.
Enfim... Desvirtuei o assunto...
Mas como eu dizia,como quase ermitã social,eu consequentemente tive poucos amigos a quem eu realmente possa dar esse nome.
Salvo os amigos que não tive,devo ater-me aqueles que tiveram a sorte ou o infortúnio de serem meus amigos.
Vale ressaltar a título de informação que eu confio mais nos homens,não que eu seja machista,contudo,meus melhores amigos foram desse sexo e aprendi muito com eles.

Um amigo ao meu ver,é amigo quer saiba ou não.E ele torna-se amigo,por uma escolha da alma,quase uma seleção natural Darwiniana.Sabe qual é? A lei de os mais fortes sobrevivem.
Na amizade não há espaços para os que adoram fazer média,pelo menos não para mim.

Já digo de antemão:

Não adianta inflar meu ego,querer conversar sobre ' O criticismo Kantiniano',o 'Cinema Iraniano nos anos 80', a ' Guerra do Vietnã',etc...

VOCÊ NÃO SERÁ MEU AMIGO!

Isso mesmo,em letras garrafais!


O verdadeiro amigo te toma.
Ele surge na imprecisão,no que você se dá conta,não vive mais sem ele.
Seja pra comprar um remédio ou assistir o último lançamento do
Woody Allen,mesmo que ele não saiba nada do filme (que você venera) ou não possa te indicar o melhor remédio pra enxaqueca.


Sou fechada.
Ser meu amigo,representa que você é do mais alto grau de confiança( ou que é um completo imbecil).
Algumas pessoas se acham no direito de
reveindicar minha amizade,não destrato os pobrezinhos,mas o fato é que não consigo retribuir sua amizade e chego a culpar-me por isso,mas é inerente a mim.
Conformo-me.

Bom,talvez algum dia eu
escreva um segundo tratado sobre a amizade,mas quero finalizar com um vôo poético raso e medíocre.


" Amigo é a discordância inclinante,
É o projeto e a realização.
Ver-se refletido e distorcido.
É verdadeira família
Que dura o breve tempo
que nos permitimos ter
Antes de nos entregarmos
na solidão impermeável."

Pequenos Crimes

Tenho alguns ódios,que se fosse acreditar em pecado...
Não haveria redenção capaz de me salvar do inferno
.
O fato é que: Tenho profundo e convicto ódio dos pequenos vícios que me cercam.
Tenho asco e ganas de rosnar,quando me deparo com eles.

Tenho genuína ira quando entro em banheiros públicos e vejo a urina amarela e fétida reluzindo no mármore.
Me falta a acomodação
sutil e permanente dos outros.
Me engasga a garganta da alma,ver a hipocrisia brilhar nos olhos daquilo/de quem se diz com veemência:
AMIGO.

Tenho ódio e asco!
Das pequenas
tiranias cotidianas!
Das (
des) necessidades que assumem ares profanos de prioridade.
Abomino o
botóx externo sobressalente.

A média dos
neo-pseudo-cults.
Os
vulgos undergrounds!
Aos ditos,desditos,
transditos,infinitamente e repetidamente,exaustivo como essa exacerbação, alternativos.
Chego ao ápice da insanidade diante dos
búlgros que supõem-se generosos,inteligentes e ...

Por quê não? Sábios...

Esses sábios de giz e de negro,que não deixam os velhos descerem antes do
ônibus.
Coitados! Já estão caducos,só não sabem.

Porque não sabem de nada mesmo.

Sei que:

Sentir dói,mas não sentir é estar mumificado sem Sarcófago.


ahn?

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