Sinto que vivi minha vida inteira no meio fio.
E na hora em que pensei em voltar,o caminho havia se apagado atrás de mim e não adiantaria seguir as migalhas que sobraram dos meu dias.
Eu não encontraria a casa dos sonhos,estava certa disto.
Dos doces,sobrariam apenas as embalagens.
Era nítido demais.
E eu não aprendi a ver com nitidez;
Porque amava o sol e ele me odiava,
Fazia arder a minha pele e me deixava com os olhos pequenos.
Fui educada a ser cega.
A cegueira era meu dom único.
E quem protegeria meus olhos?
Quem sentiria falta deles?
Quem poderia amá-los?
De tantas quedas,qual seria o chão?
Por que fui condenada a nascer com órbitas imensas e aguadas?
E por que fui tentada a entender porque o sol era grande e belo e mesmo assim capaz de ferir a vista e a memória?
Porque não fui ensinada a nada,porque o mundo se apresentava a mim como uma idéia nova a cada instante.
Eu não sabia enxergar.
E vejo agora,como era sensível a luz e as palavras.
Como era euforicamente triste.
Porque me acostumei a caminhar entre perdas e habituar-se ao caminho é perder-se.
O cansaço que cresce só não é aterrador,porque domina.
Meus próprios domínios ébrios se entregavam a ele.
Por isso,não posso conviver com meu silêncio.
É que para mim,era uma canção que por descuido parei de ouvir.
1 comentários:
a pequena criatura que come as migalhas que deixamos para seguir talvez seja a mesma que mata o silêncio.
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