Eles Não Estão Mais Aqui


Falsificaram minha conduta e fizeram-me usar outra de escudo.
Solidificaram minhas memórias para que elas erguessem-se diante de mim como os antigos generais.
Encheram minhas veias com fogo e cólera,fazendo-o as vezes de um Vesúvio em fúria.
Derramaram meu sangue nas escadarias e depois e depois tiraram os míudos para que os senhores pudessem ter sua consciência tranquila.
Lavaram o chão com sangue,mas a pedra já havia absorvido o pecado.
Apagaram meu nome dos muros e queimaram meus escritos prodigiosos.
Deram-me ciculta por corromper mentes e profonar céus.
Lançaram-me aos leões e as bestas celesteais.
Fizeram com que a víbora adentrasse o meu corpo e destilasse seu ligeiro e vertiginoso mel dentro da minha corrente sanguínia.
Não permitiram que eu corresse pelos campos uma última vez.
Atiraram em minha alma vã.
Lavaram as mãos perante a mentira e o despudor desta prostituta virgem.
Fuzilaram-me. Queimaram-me.
E trago a marca de ferro em brasa na carne do espírito.
Cuidaram de explodir cada célula e limpar os dejetos que poderiam provar o crime.
Sou só um eco frouxo no vento e dói a cada vez que tento respirar.

Pausa


Tenho que tirar quem eu sou do papel,
Tirar tudo o que almejo falar das letras das canções.
Tirar o extático e o espanto de mim,para que eu não canse de estar aqui.
Existe algo no meu modo de ver o falho,que se recusa a abandonar-me.
E existe uma eloquência tão grande dentro da solidão e um pasmo na descoberta da pequenez.
Quando deparo-me com o monótono,vejo-me inteira.
Quando tenho pé no breu,descubro que existem pessoas ao redor,no mais...
Eu vejo vultos e apenas ouço soluços disformes.
O que dizer sobre os primeiros passos da vida fugindo?
E da canção que não quer partir?
As lembranças insistentes de como você me deixou quando
eu mais precisava de um travesseiro.
Eu acho que parte do que sou,escorre do papel e foge,
Quando estou sem você.

ahn?

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