Desciam pelas encostas, juntos, como cães,
Com medo de perderem-se.
Todos retirantes. De cor, nome, fome e penar.
Exibiam na face murcha e nos lábios roxos, o sorriso triste dos que buscaram em vão a sonhada Canaã.
As crianças alheias a melancolia da tarde magenta e ao sol morrendo no horizonte, penduravam-se as saias em trapilhos das mães.
Iam assim, deixando atrás um rastro de sua sagrada impotência, como formigas serpenteavam pelo chão árido e choroso.
As mulheres, mães sem ventre,
Os homens com a barriga armada de um exército de vermes de toda a sorte.
A tarde sangrava em silêncio e eles seguiam seu destino de só seguir, sem dor que valesse o destino da espécie, sem chão que valesse a dor da carne.
No fundo, deveria ser assim a promessa que Deus lhes fizera, a tal promessa de que existir era bom
Mas Deus não os avisara que para eles, existir deveria ser o mesmo que durar.
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