As vezes o que te resta é uma lágrima seca atracada na garganta, mas é uma lágrima instintiva, que saí sem buscar qualquer explicação plausível.
Talvez, ela venha em função de um desejo frouxo de ter trazido o objeto raro que te protegeria da noite.
O meio sorriso que por vezes saí dos rostos submersos em diáfanas nuvens de maio, não é de singela alegria mas de constante resignação.
Mesmo as palavras tingidas por rubra tinta são medidas falhas nesse calendário torto.
E eu perdi a mão, o bonde, mas não a esperança.
Dias haverão em que andando pelas ruas sonolentas, poderei eu destinguir uma pressa de um anseio e quebrar as métricas da minha cabeça.
De todos os remédios, a tua solidão foi o que mais te ardeu a garganta, o que mais te fez perder o ar e gemer em cólera. Sei que não se pede para ser hipocondríaco, mas quando se o é.. nenhum sentimento externo te salva do azedume que vigora em sua bile negra.
Bem, eu poderia ter avisado, mas eu já não poderia exprimir, estando no ato III, a verdade que faria suas pálpebras estremecerem em convulso choro.
O que me cabe é só esse senso de superioridade anônima, de remetente de cartas com endereço suspeito e de ser sempre a procurada por crimes que não cometi.
E o que me cabe, me faz feliz.
E o que me faz feliz é estar sempre em fuga, em agonia, esperando mais e querendo que esse mais nunca escape.
A lágrima rola frágil, como minha alma escorregadia e na fragilidade das almas, viceja a poesia, a prosa e a raíz de todas as canções.
A fragilidade faz existir vida e a vida (em si) determina o destino de todas as lágrimas.
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