Os olhos de Zéfiro


Você pode gritar até sua garganta pegar fogo e seus olhos esvaziarem-se de sentidos,
Mas isso não surtirá qualquer efeito desejado.
Você pode arrancar toda a carne que cobre teus fragéis ossos e deixar que os chacais a devorem quando a encontrarem descansando sobre o véu da lua, 

Mas eu ainda estarei pairando acima e além de todas as suas parcas  filosofias.
Se beberes de meu sangue,  beberás do mais poderoso e corrosivo veneno-elixir.
Mas antes que macules minha pele com seu dentes sujos, abrirei sua mente e espalharei minha doença nela.
Acredite, você pode culpar Deus pelo erro do mundo, mas tuas palavras são tão-somente suas palavras e nada surgirá do pó a partir do teu verbo desajeitado.
Você pode cobrir a cabeça para dormir, pode encontrar-me na morada de Hypnos, mas eu ando com os espíritos do mar e das águas e tu vicejas na terra, erguendo os tímidos olhos até as alturas onde me elevo.
Porque não ouvimos a mesma música. Eu ouço as liras, as trovas e leio a poesia do mundo em cada carvalho ou olhar lívido de criança, eu sinto mais e meus olhos tremem em frenesi diante da vida.
Você rasteja entre os cacos da sua existência, vivendo de migalhas e brincando de chiaro- escuro comigo, você não me atormenta, mas se atormenta, você esbarra nos meus pés e engole a saliva ao me ver, você tem medo de mim e sabe, você quer tanto e tanto mas finge e eu sei da sua mentira cada vez que num cruzar de cílios vejo o silenciar gritado das sua pálpebras.
Eu andei procurando uma canção de raiva que me ligasse a você, mas você come a neblina dos becos e a sujeira metafísica do seu coração torpe.
Quero arrancar a luz caridosa dos seus olhos cíclicos, olhos de Parca.
Eu quero te conhecer na raíz, no apogeu da sua inanidade.. eu quero olhar nos seus olhos e te ver como minha igual, minha alma-irmã, quero esquecer que muito de você sou eu.

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