Pra Me Levar


Enquanto caminho por essas ruas calmas,eu sei que você não estará na próxima casa.
Isso me deixa entre inquieto e com paz.
Eu vejo todas as pessoas terminarem sua vida no sono pacato de seus lares e estou tão imensamente livre e solto no tempo.
No final,não adiantou ter uma casa com solar,ter amor e vida.
Existem tais coisas que só o som da morte ensina.
Enquanto a liberdade não te cega os olhos,você pode ver as poças de água no chão e lamentar a chuva,assim como lamentará o frio,a fome e o vento,no futuro.
Eu estabeleço um pacto sagrado entre minha alma e a noite encolhida no céu.
Eu não tenho medo de acordar a cidadela púdica e santa com meus passos vagarosamente sujos e pífios.
Como se andar e fazer acordos com a noite resolvesse a dor que brilha nos olhos e faz fenecer o verde ao redor.
A comida do almoço,a redução da taxa de juros,o acidente de carro na BR,estão longes e futéis agora.Eu acordei pra dentro de mim e acordar ao contrário é irreversível.
É como a mente galgando as inócuas estrelas e serpenteando e caindo do céu em uma chuva lamoriosa de pensamentos suicidas.
Meu peito explode numa profunda gargalhada auto punitiva,eu encontro você na noite e sei que olha a mesma lua e me vê,ainda que sobre o véu do conformismo e da falta de esperança.
A rua faz reverberar meus passos e uma pergunta caí desajeitada na minha cabeça:
Porque você desafiou a sorte?
É tudo muito triste visto de noite e por dentro,eu gostaria de fechar os olhos.
Mas ainda há um longo caminho para casa e nada ao meu redor é real o suficiente para me acordar se eu ousar adormecer.

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