O espelho e Davi




Sou um Davi diante de Golias;
Mas me falta a pedra,
Não tenho como atacar.
Então... Minha pedra de hoje em diante será minha palavra.
A palavra que antes me condenava,será minha redenção.
Tenho algo exclusivo que não posso dar a ninguém.
O que tenho vai além de qualquer contole,do meu próprio desejo...

Percebo agora,entre as paredes frias em frente a um espelho respingado.
O espelho é a mentira;
Dentro de mim,cresce uma vontade que quer explodir pelos meus poros;
Quer jorrar dos meus olhos e banhar tudo ao redor.


Este anseio não acaba no meu medo de errar;
Este anseio não tem fim.
É o fim em si.


É a vaga sensação de que meu coração não é o receptáculo adequedo pra este coração abusado;
Que pensa no tempo enquanto eixa o relógio correr.
Coração que pesa e dói.
Não é ser algo ou alguém.Não apenas existir.Nome.É unicamente ser.Basta!


A verdade da vontade que é genuinamente cardíaca em mim,já estourou e corre por aí;
Era apenas eu (espelho),que por falta de ânimo não senti.

O Tempo e os Cabelos Liláses


Se ainda houvesse um tipo de razão para viver;
Dizer-se-ião que viveria em vão...
Mas quem poderá dizer quão vão é o vão que não é seu próprio vão?
O tempo não existe sem nós,é apenas dentro e para ele que existimos.
O tempo se cansaria de passar,se não houvesse quem falasse e sentisse sua passagem.

O tempo é vento,o tempo é mudo,o tempo é nulo.
Sua voz é o timbre tolo,do eco do mundo...

E o mundo é a ideia estúpida ou bela que se faz dele.E só. Só isso.Nada que passe.
Ideias,ideias!

Não as do papel,mas sim,as ideias do ponto de ônibus,as ideias por baixo dos passadouros...
Ideias tão nítidas,que não ocupam muito tempo,não vivem em tempo algum.

Que fogem nas vagas distrações,que fogem dos carros.


E o tempo não sabia de nada,
O tempo o tempo todo,tentou se esconder.
Mas cabia em quelquer tragada de ar,um pouco de tempo e era apenas controlar o ar e os olhos...
E controlar antes,embora inutilmente,a cabeça de voar leve no balão,que pensava ser o da menina dos cabelos liláses.

O tempo passa,sem deixar tempo pra pensar no tempo.E de tanto pensá-lo,restam apenas repetições e por mais que exista tempo,o que dúvido,ele jamais se abaterá sobre a menina de cabelos liláses e sua saia de balão que se eleva nas nuvens.

ps: Traumatismo pós prova.

O passar da Chuva




É fatidicamente simples,não quero pensar nos boçais,que fique claro.
Quero poder respirar o ar não
carbonizado e festejar a vida como o povo das fadas.
Não me preocupar com meus olhos alérgicos e com minha respiração falha.
Ah! Se eu pudesse ser verdadeiramente,
genuinamente humana e aceitar todas as maldições e perdas,ai sim.

Mas,não,fico aqui a queixar-me do dia,da noite,da sorte e do infortúnio.Então,queira o destino ou seja o que for,que eu não pense por hipérboles e fantasias.

Aceitando que realmente,não consigo simplesmente aceitar a insolubilidade das coisas e pior,vejam bem... não consigo entender que a insolubilidade existe. Que piedade eu poderia ter de mim,não ouso sequer pensar em desatino sobre o assunto.
Fernando Pessoa, onde está você agora,será que entenderia esta imprecisão? Está tentativa desumana e anti - heróica de arrancar a máscara da face e conviver com suas cinzas?
Sobra a mim,apenas a certeza da chuva.

Contaminação






Estou doente.
Não de uma doença física ou espiritual;
Existem pedaços de mim,que parecem insistir em funcionar mesmo estando atrofiados.
Estou caminhando sobre as águas e ninguém irá me segurar se eu cair.
Houve dias de chuvas e casas com lareira,mas isso lá fora.
Dentro,lateja um orgão inexistente,quase fantasma em sua total inutilidade.

O capricho da Insônia





O ínicio não vem.
Justo ele,que deveria ser a parte mais representativa de tudo.
Talvez tenha se cansado de me procurar e eu lhe dar as costas,tanto cansou,que desistiu de chegar.

Não me devo ater,a descrever paisagens;
Que não vejo;
Memórias,
Que não possuo,
E verdades que a essa altura da noite,
Me fogem a mente sonolenta.

Devo somente, ater-me ao ligeiro incômodo da sombra da mão direita sobre o papel,
Ao pé latejando por falta de circulação sanguínia.

Aos latidos do cão do vizinho e a minha consciência que nega-se a acreditar que escrevo essas sandices enquanto poderia dormir.

O relógio me enlouquece;
Porque o relógio é fixo,insistente e concreto.
O tempo não me aborrece.
Eu não o sinto,tampouco o vejo.
Mas,o relógio! Ah! O relógio me lembra que deveria dormir e permaneço como que obrigada,acordado.

Os olhos não me pesam,não estou com sono,mas é necessário dormir.
Dormir.Só.

Não sonho,durmo.

Pesado e doloroso fisicamente é meu sono.
Não há poesia na carência do sono.

Eis que brota o primeiro bocejo;
O segundo;
Fazendo doer o maxilar rígido.
Dormir,não pensar em deformidades.Ah! Dormir!

Não ter a pretenção de compor o cântico dos cânticos.

...

Depois do gole definitivo de água,se não houve um começo a falta de léxico,
Não permite finalizar nada.
Ponto.Só.

Metafóricamente ou eu partido


Etapa indefinida e inacabada,
Rua turva,
Espaço paralelo.

Incógnita decifrável,
Pausa na respiração,
Válvula...Espasmo,

Ânsia e tremor,
Pranto e riso confundido.
Santuário de perigrinações,

Abstração,
Reflexo rápido,
Olhar perplexo ambíguo.

Grito preso.

(BLACK OUT)

eu...ou não.

Happy B-Day, PAI !




22 de Agosto,bem...
Poderia ser um dia comum,típico até;
Se não fosse pelo detalhe de hoje é o aniversário de uma das pessoas mais brilhantes e engenhosas que jamais conheci em toda minha vida.Por ironia ou por pura sorte,essa pessoa veio a ser meu pai.
Talvez perdamos muito tempo em nossas vidas futéis e cotidianas,que esquecemos de dar valor pra tudo o que cada pessoa com sua própria identidade representa em nossa vida.
Hoje,portanto e sem circunlóquios,quero dar parabéns a essa pessoa maravilhosa e extremamente humana,que os deuses me deram graças de conhecer. Acho até que se ele por ventura não fosse meu pai,seria meu amigo de qualquer jeito.Quero também agradecer por todos os livros lidos quando eu mal sabia juntar uma sílaba a outra para formar uma palavra,não sabe quanto isso fez e faz diferença na minha vida,todos os pães esquentados com manteiga e chá ou limonada quando eu voltava da escola,os pratos enfeitados porque eu comia com a visão e não com o paladar em si,todos os VHS de filmes da Disney que vinham na coleção do jornal,todas as histórias fascinantes que já me contou e por todos os momentos filosóficos que passamos na baixada de Iguape,todas as caminhadas e obrigada,simplesmente por ter sido um pai pra mim,muitos não recebem isso e me considero privilegiada.Obrigada,enfim... por agora,estar acreditando em você,como eu sempre acreditei e sempre acreditarei...

Te amo,indefinidamente.


imagem: Sir John Everett Millais

Prenúncio I




Era só eu e o vento.
E o vento se fez passar por mim.
Eu era então,vazio;
Frio de gelar a epiderme,de tilintar os dentes
Era eu e uma casa presa no tempo;
Eu e as harpias a cantar,a sondar os meus arcanos.
Eram as ondas gélidas do mar,aos meus pés.
Era a entrega e a dor.
O gesto calado e o prenúncio do fim do dia.
No fim,
Era eu e o vento a bater furiosamente nas janelas de vidro fosco,
Enquanto me entretia com qualquer livro velho e empoeirado,
tentando debilmente fugir do que é celeste.
E o vento,cá fora, a me lembrar que vai estilhaçar o meu céu;
Que já é cor de nada...
Mas que venha o vento,
Que escancare as portas e destrua os lares;
Que faça arder minhas pálpebras.
Que venham as fúrias e devorem meus membros,pois é o que mereço.
Que lancem estacas e perfurem minha pele suja;
Se for pra estar num céu sem cor,
Prefiro ser entregue ao vento e prefiro que os vidros perfurem meus poros,
Não estarei no céu;
Ele é abafado e úmido,enquanto minha alma é leve como a ventania.
Refuto todas as estes celestiais! Renuncio os anjos!
Tudo em mim,é brisa e tempestade.
Renuncio o que sou!
Não preciso do céu! Ele não me consola!
O vento se fez passar por mim,se fundiu ao meu espírito;
E hoje...
Eu sou apenas brisa e tempestade.

ahn?

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