Existia uma placa no meio da estrada que dizia que não havia nada além dali e que muito provavelmente os que tentassem contrariar essa verdade plena,perderiam-se a ponto de não enxergar um palmo a frente do nariz.
Quando ela chegou aquela estrada tinha certeza que já havia estado ali,estacionara o carro a poucos metros e agora,observava cada movimento do vento em seus cabelos e cada suspiro da noite,tudo sugeria o fim,mas como poderia ter certeza sobre isso? Como algué poderia ter certeza sobre alguma coisa?
A verdade era, no fim, como todas aquelas estradas levava a coisa alguma e diziam que era o fim,mas ela sabia que não havia fim para nada.
Existiam,milhares de começos... Isso era certo.
Ela decidiu parar de pensar,voltou ao carro e vestiu seu casaco,voltando rapidamente a olhar a estrada que se estendia sob a bruma.
Não haveria problema algum se ela resolvesse simplesmente seguir adiante,talvez muitos de vocês disessem " Havia uma placa ali,dizia para parar,por que ela seguiria?"
Estou,aqui só comigo,imaginando a voz que fariam ao dizer isso,posso ver a cara de vocês...
Bastaria a mim,responder que ela simplesmente não faria isso porque não sabia fazer.
Alguns param por que não sabem continuar,com ela ocorria o mesmo as avessas,ela continuava porque nunca aprendera a ter escrúpulos e parar.
Continuar era sua maior fragilidade perante a vida.
Seu olhar repousava agora,como que adormecido por entre os cílios soberbos em um gesto de extrema inquietação escondido em freuma.
Ela sabia que de qualquer maneira algo mudaria dali em diante,não pela estrada,pela placa ou qualquer coisa assim...
Mudaria porque ela precisava disso.
Ela jamais voltaria para casa e mesmo a palavra casa agora parecia distante para ela,como uma estória de ninar que a cantavam quando ela ainda possuía um rubi no olho esquerdo e um topázio no direito.Casa.
Nunca teve um lugar para o qual voltar e só agora perto ironicamente do fim,ela percebia como aquilo parecia ser humilhante,sua condição de vítima de tudo aquilo que era, doía.
Ser era obrigatório e ela não queria ser.
Não nascera pra isso e sempre soube...Queria apenas uma cama perdida nas nuvens,
um sorriso ainda que entre parênteses,uma palavra inventada só pra dizer como a vida era importante e uma canção que pudesse aquecê-la como um terno dia de outono que nunca mais chegaria.
Nao haviam muitos motivos pra continuar e ela continuava sem entender qual era a verdadeira motivação de ser ou o que era escondido por essa motivação.
Então a estrada girava e ao redor haviam pessoas que olhavam-se nos espelhos e vomitavam logo em seguida.
A estrada parava no ar e balançava como uma corda qualquer que pairasse no ar...
Ela poderia pular se quisesse,mas ela devia sumariamente continuar,era o que salvaria sua alma de qualquer ma futuro,salvaria tudo que pudesse ser salvo,talvez salvasse seu coração atrofiado também.
A estrada diminuia rapidamente e ela sabia que iria cair,mas não se importava.
O ar a afogava em golfadas frias,ela sentia-se parte de tudo...como se ali no seu derradeiro momento,pudesse ter uma compreensão de tudo e de como estivera enganada até então e de como todos estiveram enganados...fechou os olhos deixando a noite cobri-lá e cuidar dela.
Todos estavam enganados...não era mesmo o fim.
Havia uma placa suspensa no ar:
" Viver é cair constantemente"
1 comentários:
engraçado como só quem tem um coração atrofiado entende e da valor a essas pequenas aventuras sem sentido, quando deveria ser o contrário.
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