Perto



Não era uma obrigação estar ali,não era e nem deveria ser...
Apenas,as tardes ali tinha um sabor estranho que ela não podia saber se era de terra ou de ar.
Mas era de alguma coisa viva,que nunca poderia explicar,mas que ficaria com ela por muito tempo.
Já não sentia falta de suas bonecas ou de seus brinquedos de madeira gasta,queria somente estar sentada observando seu espírito convalecer sob sua complacência.
Por que se importar? 
Ela fugia desse tipo de coisa,assim como as gotículas de chuva escorriam pelas cortinas amareladas.
Restava a ela saber que estava com muito cíume e muita raiva da noite.
Que impaciência poderia mostrar-se maior do que aquela de conhecer-se sem poder afirmar ao certo que era aquilo mesmo?
De não corresponder a certas expectativas tolas que criavam para entretê-la?
Sua imensa vontade de esvair-se parecia saturá-la de ar frio e asfixiá-la aos poucos...
Ela precisava de novos sons ou talvez uma nova vontade,mas isso,ela bem sabia que demoraria a voltar a ter.
Aquele tempo estava sendo fatalmente difícil.
Talvez os pássaros não voltassem a andar pelos ares e os ursos não hibernassem.
Se houvesse fogo,entretanto,ela estaria lá.
E diria ao pé da montanha:
Por estar cada dia tão perto e não lá,perdoe-me.

2 comentários:

blur 30 de dezembro de 2009 às 03:47  

ah a eterna insatisfação de não estar em lugares que não sabemos onde ficam.

- 30 de dezembro de 2009 às 20:33  

quando achamos que nos conhecemos, a gente muda.a impaciência é constante

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ahn?

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