Mesmo alimentando-me do irreal e vivendo a sombra do possível,eu acreditava que você estaria por lá.
De repente o amor destroça suas raízes e não tens mais por solo,o chão.
E mesmo estando submerso no tempo que não caí,você sangra sem saber se dói,realmente,ou se só dói porque disseram que dói.
Sua carne se agita,como se estivesse diante de uma grande sensação ou novidade e sua voz se eleva nas dimensões antes ignoradas.
A noite é vermelha e lembra um animal indefeso morrendo no horizonte.
Eu sabia que os homens peixes viriam uma hora ou outra,com suas grandes patas e com suas orelhas maiores que as mãos.
Eles me levariam daqui e me mostrariam as pessoas e suas vísceras,eu choraria.
Porque tudo seria feio,sórdido e árido como um dia no inferno.
Mas não sabia que eles viriam hoje. Hoje, eu não arrumei a casa para os visitantes marinhos.
Azul.Azul.
Eu acreditei que não viriam,todavia,mas eu ainda tinha tempo pra pensar em algo a servir a eles.
Eu não tinha nada.
Os armários estavam vazios,algumas baratas apareciam,olhavam-me como quem desdenha da miséria alheia e por algum motivo,iam-se.
Estou fechando a casa e me encolhendo contra as paredes frias e ásperas.
Posição fetal.
Não vou morrer,disso sei.
Mas de repente,a amizade parece um monstro azul,que eu tenho que impedir de entrar.
2 comentários:
li em algum lugar que deixar uma vassoura atrás da porta espanta as visitas
quem sabe o monstro se arrependeu e foi aí tomar um chá?
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