Você sempre pensou em como seria bom inromper na Igreja em um casamento e declarar que tinha algo a dizer que não deveria ser calado para sempre.
Era cinematográfico demais.Quantos pastelões,roamces água com açucar e qualquer filme descartável não haviam abusado dessa cena?
Mas você iria fazê-la um dia e com uma concentração de causar inveja a qualquer ator.
O padre diria a frase tão esperada depois do derradeiro "sim" do casal sanguinário e garboso e você responderia em tom grutural e triunfante parado na porta,respirando em golfadas,após ter corrido até lá.
Correr. Isso não pode faltar,tome nota.
A noiva te fitaria confusa,porém radiante.Você notaria que ela nunca estivera tão odiavelmente encantadora.
Provavelmente,isso fazia parte da conspiração sagrada do mundo pra te ver na pior,era sempre assim,não?
O noivo,maldito engomadinho,te olharia com o cenho franzido e sua "censura elitista".
"Típico!" - Você pensaria.
Mas você então,como grande romântico de esquerda,declamaria a todos os convidados um discurso pungente que você teria ensaiado por horas,ela se emocionaria,largaria a mão do sujeito pretensioso e correria para os seus braços.
Seu grande filme,quase épico,seria um sucesso!
Mas você olha nos olhos dela,parada a sua frente e olha de esguela para o padre rústico.
Você sabe que ninguém virá impedir o casamento.
E por que diabos te meteram naquele fraque e o posicionaram diante do altar?
As palavras foram ditas. Ninguém as ouviu.
O rosto angelical sentado na terceira fileira emudeceu,mas quedava te olhando com os olhos caídos e orvalhados,este rosto nunca estivera tão diabolicamente lívido e belo.
1 comentários:
ótimo roteiro, queridinha, esse me ganhou.
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